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Chove chuva, chove sem parar.


Dizem que “depois do temporal, vem a bonança”.

Assim todos nós esperamos. Acredito que nunca, mas nunca é tarde demais para se recomeçar ou mesmo decidir optar pelo que é certo. Optar por aceitar os erros e traçar um novo rumo, sem atalhos ou qualquer outra tentativa de evitar o inevitável.

A tragédia ocorrida no Rio de Janeiro não é exclusividade carioca, mas está eminente e ocorrendo em todos os cantos desse nosso Brasil. É uma tragédia com nome bem marcante, chamada de Descaso. É um descaso geral, não somente do Poder Público, embora seja o principal responsável, mas também fruto do dia-a-dia das pessoas. Fruto do não reconhecimento do papel importante de cada indivíduo no processo urbano. Na conscientização dos seus deveres de cidadão. Vemos, diariamente, uma tentativa incessante das pessoas em tirar proveito das coisas, e isso é tão forte em nossa cultura que já conhecido mundialmente como “o jeitinho brasileiro”, ou mesmo o carismático “malandro”.

Infelizmente, a bastante tempo, somos governados por meio desse “malandrismo” ou “dando-se um jeitinho” para tudo. O pior é que, nos últimos tempos, 86% da população brasileira aprova esse “malandrismo” danoso de nos comandar.

Mas o caso é, como uma metáfora diabólica da natureza, as chuvas fortes do Rio de Janeiro, vieram para arrastar o enorme tapete invisível que cobria anos de sujeira. No caso do morro do Bumba, literalmente para expor o lixo.

A Natureza deu um banho no RJ, retribuiu da mesma forma perversa com que vem sendo tratada há anos. Mostrou que não quer mais saber de moradores nas suas costas, que não quer mais saber de lixo jogado nos seus pés e muito menos ver seus bosques e jardins desaparecerem sem nenhuma concessão ou preocupação com o futuro.

Infelizmente muitas vidas pagaram por isso com o maior direito que possuiam, o direito a vida. Outras tantas perderam o segundo maior direito que temos, de estar perto daqueles que amamos. Um número maior ainda viu, de uma hora para outra, toda sua história registrada fisicamente, por meios de fotos, documentos e pertences, desaparecer. Essas dores são maiores do que qualquer outra possível de ser produzida fisicamente. Dores físicas curam, dores emocionais perduram pelo resto de nossas vidas.

De quem é a culpa?

De todos. Dos inescrupulosos que ganham dinheiro e votos com a ocupação indevida, do Poder Público que não age para sanar este problema e pela população em geral que se acomodou por todas estas décadas vendo na favelização um apaziguador de consciência para o descaso da falta de moradia para a população pobre.

O que fazer?

Humildemente, acho que é hora de acabar com esta hipocrisia do poder público em querer que as ações partam da população. É hora do Poder Público (Federal, Estadual e Municipal) assumir a liderança desse assunto e atacar esse tumor com o melhor que temos em nosso país na esfera intelectual, acadêmica e cívica. É hora de termos cabeças pensantes, competentes e apartidárias liderando esse novo rumo do país, pois dessa forma passaremos a discutir o que realmente deveríamos discutir como: ocupação indevida, transporte público, desenvolvimento das áreas carentes, crescimento urbano de qualidade, saúde pública, descentralização dos centros metropolitanos, o indivíduo humano como cidadão atuante, enfim, apontar nosso nariz para onde temos e podemos chegar.

É hora de urbanizarmos novas áreas para assentar estas milhares de famílias que vivem em condições irregulares e mesmo sub humanas. É hora de formarmos novos cidadões.

O Exemplo vivo nós temos, fazendo aniversário de 50 anos. Nossa capital surgiu no meio do nada. Se do nada fizemos, com tudo que já temos é uma questão de partirmos para a ação.

Vamos renovar nossa forma de ver a vida, vamos pensar mais nas conseqüências de tudo que produzimos.

Teremos uma chance ao final deste ano, quando teremos o poder cívico do voto. Façamos o uso correto desse direito.

Maurício Aurvalle

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