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Foto do escritorMauricio Aurvalle

Enquanto não Enxergamos


Enquanto não Enxergamos.


Você já tentou explicar, desenhar ou escrever sobre algo que você não consegue visualizar?

Não dá, não é mesmo?

Nosso cérebro sabe disso e, por esse motivo, ele se recusa nos permitir conseguir algum êxito sem antes conseguirmos visualizar/idealizar algo.

Isso fica muito claro quando tentamos desenhar algo, principalmente algo que não conhecemos bem ou que não lembramos de detalhes e formas. Nosso cérebro trabalha contra sempre, quase como um preguiçoso nato. Se o que riscarmos for o suficiente para ele reconhecer o que estamos tentando expressar então...bom...daí ele se torna um sabotador perfeito e começa a “fazer de tudo” para desistirmos.

É nesse ponto que a maioria das pessoas perdem essa briga. Para nosso cérebro, qualquer rabisco já é suficiente para entender e relacionar às tantas imagens armazenadas. Ele começa a nos sabotar até que cansamos e desistimos de tentar fazer algo melhor. Se rabiscarmos algo parecido com uma caneta Bic, para ele, já será suficiente e, a partir deste momento, se não insistirmos, jamais conseguiremos desenhar algo de maior perfeição...afina...ele já sabe que é uma caneta Bic.

Sabe aquele desenho que você faz e que não lhe deixa contente? Ou o seu máximo 2 minutos que consegue ficar desenhando na tentativa de deixa-lo “mais bonito”? Pois é, quando você para é porquê perdeu. (rsrsrs)

Isso também se explica porque é mais fácil copiarmos do que produzirmos algo por conta, pois, ao copiarmos, não estamos mais desafiando o cérebro, afinal a imagem já está pronta. Passa a ser um exercício de paciência e persistência. Ele ainda tenta nos convencer de desistirmos, mas com a presença da imagem, passamos ter a clareza de todos os detalhes existentes e necessários serem copiados.

A capacidade de realizarmos algo não está associada, principalmente, à nossa condição técnica, mas sim a nossa capacidade de enxergar/visualizar o que estamos produzindo. Se você não tiver visualizado com clareza a imagem de uma banana, você não conseguirá desenhar uma banana. Se você não conseguir visualizar a imagem do seu projeto arquitetônico ou design, você não conseguirá desenhá-lo de forma satisfatória.

E como fazer?

É para isso que realizamos pesquisa de referências e produzimos rascunhos. A pesquisa nos auxilia a ter clareza sobre detalhes, formas e informações sobre o que queremos. E os rascunhos funcionam como um aquecimento, uma forma de ativarmos nossas imagens armazenadas e, por meio da concentração prolongada, vencer a briga com o cérebro nessa constante tentativa de nos fazer desistir...dessa forma, conseguimos entrar em um outro estágio de concentração e produtividade.

O desenho ou ideia de qualquer pessoa iniciará bruta (salvo àqueles que fazem repetidamente a mesma coisa), com pensamentos confusos e rabiscos indecifráveis. Mas a persistência no processo de busca por visualizar o que se quer irá capacita-lo na construção de um resultado complexo, proporcional e cheio de detalhes. Por assim passam os processos de criação e projeto.

A diferença entre uma pessoa comum e um profissional arquiteto, artista plástico, escritor ou qualquer outro da área da criação é que os profissionais desenvolveram o seu método de persistência, trabalho e pesquisa enquanto que os demais, ao perderem a disputa com o cérebro, acreditam que não são capazes.

Nosso cérebro é um gigantesco HD que registra e guarda tudo o que vemos, aprendemos e sentimos, o que precisamos é de formas e exercícios que nos permitam acessá-las nos momentos que quisermos. A persistência nos rascunhos e escutar músicas (apropriadas para a necessidade) são excelentes maneiras de conseguirmos isto.

Isso pode parecer muito confuso, mas mostra que a capacidade de desenvolver qualquer coisa passa por processos de pesquisa e estudos que nos ajudam a enxergar o que buscamos projetar e realizar.

Não desista com as primeiras formas e rabiscos desformes e esquisitos, eles são apenas o começo de um processo.

Maurício Aurvalle.

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